Fazer jejum um ou dois dias por semana
resguarda o cérebro contra doenças degenerativas como o Mal de Parkinson
e de Alzheimer. A conclusão foi de uma pesquisa realizada pelo National Institute on Ageing
(NIA), em Baltimore, EUA. O melhor é alternar períodos de jejum, em que
se ingere praticamente nada, com períodos em que se come normalmente. É
suficiente reduzir o consumo diário para 500 calorias (o que equivale a
alguns legumes e chá), duas vezes por semana, para sentir os
benefícios.
Jejum e coração
Intrigados
com as baixas taxas de doenças cardiovasculares entre os mórmons,
pesquisadores estudaram os exames médicos de 4.629 indivíduos entre 1994
e 2002. Pensava-se que a menor incidência de doenças cardíacas entre
esses religiosos devia-se ao fato deles não fumarem, o que realmente
ajuda a saúde. Mas, mesmo depois de ajustar os dados com a variável
tabagismo, observou-se que, mesmo assim, os mórmons tinham uma saúde
cardiovascular bem melhor do que a média das pessoas. Na segunda parte
da pesquisa, 515 pacientes, com idade média de 64 anos, completaram um
questionário que fazia perguntas sobre inclinação religiosa, tabagismo,
jejuns, consumo de chás, café ou álcool, tempo para descanso e
atividades relacionadas à caridade. Nesse grupo, os indivíduos que
declararam jejuar tiveram uma quantidade menor de infartos. Mesmo dentre
os indivíduos sem religião, mas que jejuavam, o efeito protetor foi
observado. Apesar da pesquisa não provar de forma definitiva que o jejum
melhora a saúde das artérias, ela indica que esta é uma hipótese a ser
seriamente considerada. Acontece que a abstenção de alimentos ou bebidas
por 24 horas reduz a exposição constante do corpo à glicose. Um dos
problemas da síndrome metabólica e do diabetes é que as células beta,
produtoras de insulina, ficam insensibilizadas e o jejum permite a
sensibilização das mesmas. Outros estudos são ainda necessários a fim de
comprovar a tese dos pesquisadores e por isto não se sugerem jejuns a
todos. Há casos até em que o jejum não deve ser praticado. Tudo deve ser
feito mediante orientação médica. Mas, mais uma vez, fica evidente que
comer demais nunca é recomendável.
Jejum: a forma ideal de desintoxicação, diz médico
Embora
mais associada aos rituais religiosos ou a protestos – como as greves
de fome – o jejum é o meio mais eficiente de desintoxicação, de acordo
com Paulo Eiró Gonsalves, médico, autor de “O que é Bom Saber”, um guia
sobre alimentos, exercícios e terapias alternativas. O jejum como meio
de desintoxicar o organismo pode parecer absurdo para a maioria das
pessoas, além de ser considerado uma porta para distúrbios alimentares
por alguns nutricionistas. No entanto, jejuar não significa parar de
comer. “Requer seguir técnicas recomendadas por um médico que vão
resultar em um bem-estar físico, já que estamos sempre nos intoxicando. É
uma prática salutar que pode ir de 1 a 12 dias, mas sempre acompanhada
dos períodos de pré e pós-jejum“, diz Gonsalves. Ele diz que o
jejum de curta duração pode ser feito sem acompanhamento médico, mas não
dispensa a fase pré-desintoxicação. No primeiro período, é importante
eliminar a ingestão de produtos animais, como carnes, peixes, ovos e
derivados. No momento seguinte, a dieta deve excluir cafés, álcool,
chocolate, sal e produtos químicos – todas substâncias excitantes, além
de óleos e gorduras aquecidas. Na terceira etapa, óleos crus e gorduras
cruas encontradas em nozes, avelãs, amendoins e castanhas-do-pará. Em
seguida, retiram-se frutas e legumes cozidos. E, na última fase, são
eliminados do cardápio frutas e legumes crus. Durante o jejum pode se
tomar água à vontade, além de chás e sucos. O período pós-jejum deve ser
feito igual à fase pré-desintoxicação, no sentido inverso. “Essas
etapas são de acordo com o período do jejum. Se jejuar durante um dia,
as fases preparatória e pós-abstinência se referem a uma refeição, sendo
dois dias de pré-jejum, o jejum e dois dias de pós-jejum“, ensina Gonsalves.
Argumentos contrários
Segundo
o Dr. Adriano Segal, coordenador do ambulatório de obesidade do
Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das
Clínicas de São Paulo, o erro está em transformar uma manifestação
simbólica em um processo para a melhora de saúde. Ele afirma: “Isto
não procede: o jejum não purifica o organismo. Para algumas pessoas (por
exemplo, diabéticas, idosas, com alguma debilitação física importante,
que usam medicação com horários fixos), chega-se a contra-indicar estas
práticas, mesmo no contexto religioso, devido aos riscos que acarretam
para a saúde”. Para o Dr. Segal, quando há necessidade de jejum, a
orientação é feita de uma maneira individualizada e de acordo com a
situação específica. “O jejum não traz vantagens para o organismo e
sua realização de rotina deve ser evitada, a não ser em casos
específicos (realização de cirurgia que necessite de certos tipos de
anestesia, coleta de exames, rituais religiosos e outros)”, ele completa.
Conclusão
Aí estão, portanto, argumentos
favoráveis e contrários à prática do jejum. Como saber quem está certo?
Como quase tudo na vida, tem gente que afirma e gente que nega. Cabe a
cada um de nós investigar, pesquisar, perguntar e chegar à nossa própria
conclusão. De qualquer forma, fica a recomendação: não faça nada de que
você não esteja absolutamente seguro.
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