Petrobras – Lembram-se da compra e venda escandalosas de uma refinaria em Pasadena, nos EUA?
MP pede que TCU investigue as operações.
O
leitor certamente se lembra daquela que é, a meu juízo, uma das mais
escandalosas ações do petismo realizadas na Petrobras: a compra e venda
de uma refinaria em Pasadena, nos EUA. Pode haver consequências. Antes,
vamos lembrar o caso:
No dia 15 de dezembro, publicava-se aqui um post intitulado “ESCÂNDALO
BILIONÁRIO NA PETROBRAS – Resta, agora, saber se, ao fim da apuração,
alguém vai para a cadeia! Ou: Quem privatizou a Petrobras mesmo?“ Recupero a história em 13 passos:
1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.
2:
ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os
belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50%
das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês
entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$
22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos
“brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões. 1500% de valorização em um
aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros
tão generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima
de qualquer expectativa razoável”.
3: Um
dado importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras é
Alberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia
sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o
escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio
foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja
viu a documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em
detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor
financeiro da BR Distribuidora.
4: A
Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos
belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o
petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um
investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a
conta, a menos que…
5:…
a menos que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a
comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração
de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!
6:
E não é que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas
decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção,
outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se que a
estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam
passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700
milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou
malandros, certo?
7:
É aí que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,
então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o
absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião.
DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.
8:
A Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana,
que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o
contrato. A Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais
US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!
9:
Depois de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma
refinaria velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo
brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional
americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.
10: Isto
mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365
milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$
839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional
continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos
milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,204bilhão em US$
180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.
11:Graça
Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o
negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de
US$ 1 bilhão.
12: Diz
o procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez
concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.
13:Dilma, reitero, botou Gabrielli pra correr. Mas nunca mais tocou no assunto.
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