A história de Henry começou em 1953, quando um neurocirurgião abriu
dois buracos na frente de seu crânio e sugou metade do hipocampo e a
amígdala cerebral com o objetivo de curar uma epilepsia. Funcionou, mas o
efeito colateral foi vitalício: Henry nunca mais conseguiu armazenar
uma nova memória por mais de 20 segundos.
O que sobrou foram histórias do passado distante. Todas as manhãs,
ao se olhar no espelho, era uma surpresa: Henry não se reconhecia (isso
mesmo, como no filme ‘Como se fosse a primeira vez’). O susto de manhã
se dava porque ao dormir ele esquecia o que havia vivido e sempre
acordava achando que tinha 27 anos, quando fez a cirurgia. Incrível não?
O caso despertou curiosidade na comunidade científica. Até sua
morte, ele foi estudado exaustivamente por grupos de especialistas do
MIT e da Universidade da Califórnia e foi assim que se chegou a
conhecimentos essenciais para a evolução da neurociência, como em que
região do cérebro se forma e se armazena a memória de curto prazo — o
hipocampo, mutilado em Henry.
Um ultrassom divulgado pelo MIT em 1982 fez dele uma personalidade
da neurociência: era a primeira imagem de um cérebro sem um grande
pedaço do hipocampo.
Os cientistas perceberam que as conexões de neurônios que alimentam
a memória também ocorrem em outras áreas. Por isso, Henry não conseguia
armazenar novas lembranças, mas era capaz de aprender atividades
repetitivas e instintivas, como desenhar.
- Lado bom
Por estar preso ao presente, Henry não acumulou rancores nem
ressentimentos. Estava sempre bem-humorado, segundo os médicos que o
acompanhavam.
A pedido do paciente, seu cérebro foi doado para o MIT logo após sua morte e fatiado em 4.201 camadas finíssimas.
Fonte: Galileu
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